O Pipy foi lançado pela Cristina Ferreira e trata-se de uma bruma íntima, que é como quem diz, um perfume sem álcool. A novidade criou alguma celeuma, e por usso, como farmacêutica especializada na avaliação de segurança de cosméticos, analisei este produto com a devida objetividade científica!
Precisamos do Pipy?
Claro que não!
Os odores dos nossos genitais são normais e, quando não são, podem indicar um problema que deve ser avaliado por um profissional de saúde. Mas, seguindo essa lógica, também os perfumes, desodorizantes e até lubrificantes com sabor também seriam dispensáveis. E, no entanto, todos eles têm o seu espaço no mercado e são seguros.
O Pipy contribui para o empoderamento feminino?
Apenas medida em que qualquer uma pode comprá-lo e usá-lo como bem entender. Mas dizer que este produto é “empoderador”, no sentido feminista do termo, é um exagero. Algumas pessoas argumentam mesmo que, pelo contrário, este tipo de produto explora a insegurança feminina. E apesar de algumas pessoas, comprarem o Pipy por este motivo, também acho que este ponto de vista pum pouco excessivo, já muitas mulheres vão comprá-lo da mesmo forma que comprar algum outro brinquedo sexual, ou apenas por curiosidade.
Reduzir todas as compradoras à categoria de vítima é um pouco condescendente e infantilizador.
E será que o Pipy é seguro?

Antes de olhar para os ingredientes, importa perceber que este produto dever ser aplicado a alguma distância da pele, que a marca menciona ser uma “distância segura”, o que é vago, mas, comparando com produtos semelhantes, podemos estimar que seja de cerca de 20 cm.
A fórmula do Pipy não contém álcool, ao contrário de um perfume tradicional. A base é aquosa e contém ingredientes muito usas em produtos para a mucosa vulvar, tendo um valor de pH ajustado a esta zona, o que são pontos positivos. O único possível fator de risco seria por isso a fragrância. Mas essa preocupação não se aplicaria exclusivamente a este produto – lubrificantes com sabores e fragrância, que existem há anos, seguem a mesma lógica e não levantaram problemas de segurança significativos. No caso do Pipy, os componentes da fragrância suscetíveis de causar alergias a pessoas mais sensíveis estão ainda corretamente identificados no rótulo:
- Alpha-Isomethyl Ionone
- Vanillin
- Citral
Assim, quem tem alergia a algum destes compostos não deve usar este produto. Caso contrário, e dentro das indicações da embalagem, não há motivo de alarme.
Conclusão
Se falarmos apenas de segurança, o Pipy cumpre os requisitos regulamentares para um cosmético. A questão da sua necessidade e impacto social é mais subjetiva e, no meu ponto de vista, não cabe a uma marca acautelar. Já se o critério fosse a necessidade absoluta para algo existir não teríamos um décimo dos produtos de consumo que temos.
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