Parece-nos óbvio que aquilo que vem diretamente da natureza é melhor para a nossa saúde e bem-estar. É algo intuitivo. E ainda para mais, todas a gente à nossa volta parece achar o mesmo!
Como em tudo na vida, as exceções são muitas e que as regras são poucas. Mas raramente há respostas certas ou verdades absolutas…
Este assunto foi muito explorado nesta publicação, tal como a distinção entre as palavras “natural” e “orgânico”.
Na verdade toda a matéria é composta por moléculas, e logo por “químicos“. Independentemente da sua origem ou processamento industrial.
Por outro lado, a definição de “tóxico” é também algo que depende da quantidade de produto, da pessoa que o utiliza e até do local onde é colocado. As fragrâncias por exemplo, que estão presentes na maioria dos cosméticos e normalmente são toleradas, podem provocar um grande desconforto a alguém que sofra de dermatite atópica, ou tenha uma pele muito sensível.
Já um cosmético contendo óleo de amêndoas, que é inofensivo para a maioria das pessoas, pode ser mortal para alguém que seja seriamente alérgico a algum a este fruto seco, e pode até nem estar ciente desta alergia.
O nosso organismo não é capaz de distinguir se algo é natural ou sintético. Nem tão pouco é essa a informação que lhe importa, como se percebe ao relembrar os exemplos anteriores.
O que o corpo humano faz, é reconhecer substâncias iguais ou semelhantes com as que já contactou. Para o bem, e para o mal, como acontece no caso das reações alérgicas.
Ao não ter havido um contacto prévio de todos os seres humanos com todas as variedades de moléculas naturais torna-se impossível que ele as reconheça como “semelhantes“. Além disso, é possível sintetizar em laboratório moléculas exatamente iguais àquelas que existem com a natureza, e que o corpo humano reconhece. De novo, o exemplo da vitamina C.
Isso vai depender muito de cada produto, e sobretudo da sua função.
Há produtos cosméticos que são formulados recorrendo apenas a ingredientes naturais e que mantêm uma performance excelente, enquanto outros são completamente impossíveis de formular recorrendo apenas a estes ingredientes se quisermos ter uma eficácia igual à dos sintéticos.
Em parte porque muitos desses ingredientes fazem parte da constituição do nosso organismo, e quando estão em falta podem ser fornecidos através de cosméticos. Mas isto acontece sobretudo porque a natureza produz uma enorme variedade de compostos químicos, que podem ter as aplicações mais diversas
Se por um lado a redução do número de produtos de origem industrial poderia poupar a natureza de parte das emissões de resíduos para a natureza, também é verdade que a extração massiva de muitos dos ingredientes naturais esgota parte dos recursos naturais, podendo mesmo danificar ecossistemas inteiros.
São exemplo disso as explorações de soja, um ingrediente promissor por exemplo para ajudar na redução das manchas manchas, mas cuja exploração contribui em grande parte para a desflorestação de regiões florestais como a Amazónia.
Além disso, acontece que as plantações orgânicas não podem usar pesticidas, herbicidas e outros produtos que aumentariam o seu rendimento. Isto obriga a que sejam utilizadas áreas de cultivo significativamente maiores para que sejam obtidas as mesmas colheitas, o que leva muitas vezes à destruição de ecossistemas que ocupavam esses terrenos.

Na verdade não há nada que demonstre que ser “natural” por si só seja obrigatoriamente melhor ou pior, nem a nível de segurança para a saúde, nem tão pouco de eficácia, como já vimos acima.
Mas ao limitarmos a nossa escolha de ingredientes àqueles que provêm da natureza, ou ainda mais no caso de falarmos de “orgânicos“, estamos certamente a restringir (e muito!!) o número de matérias primas que podemos utilizar para fabricar produtos cosméticos de qualidade. E de facto, algumas delas são mesmo insubstituíveis (para já), se queremos produtos que funcionem tão bem como aqueles que temos hoje!No entanto, é importante que todos saibamos que a palavra “natural“ não é um selo de qualidade, e que estes produtos não são necessariamente mais eficazes nem mais seguros do que os restantes.





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