Se pensarmos bem, a moda não é nova. Quem nunca experimentou uma máscara hidratante caseira à base de iogurte ou vinagre? (E quem é que não se arrependeu imediatamente no momento em que teve que tirar aquilo?)
A fermentação é um processo realizado por enzimas, nestes casos provenientes de bactérias ou leveduras, e consiste na produção de energia para a sobrevivência desses microorganismos através da metabolização de açúcares em substâncias mais simples, que podem ser ácidos ou álcoóis e moléculas gasosas. Paralelamente, no processo de fermentação são também libertadas outras substâncias que se encontravam inativas e passam a estar disponíveis. Pensa-se que algumas dessas substâncias presentes no produto de fermentação tenham algum benefício para a pele, e por isso os extratos fermentados começaram a ser incluídos na formulação de cosméticos.
Para além disso, os fabricantes que utilizam este tipo de ingrediente apontam para outras vantagens:
- Melhor penetração cutânea
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Vias de penetração cutânea |
Com base nos fenómenos químicos acima descritos, os fabricantes afirmam que os ingredientes cosméticos fermentados contêm substâncias mais pequenas, e que por esse motivo são mais facilmente absorvidas quando aplicadas à superfície da pele.
MAS… Embora isto se possa verificar, e sabendo que para haver penetração cutânea haverá também outras características químicas desses ingredientes a ter em conta para além do seu tamanho, é necessário conhecer quais os compostos formados por fermentação, ou testar o estes produtos na pele de humanos, para compreender se serão realmente benéficos ou relevantes para a saúde da pele, e assim justificar a sua inovação.
- Maior capacidade antioxidante vs mesmos extratos não fermentados
Outra das vantagens apontada a este tipo de ingrediente é a sua capacidade de fornecer uma maior quantidade de antioxidantes do que esses mesmos ingredientes antes da fermentação.
De facto, é natural que após a fermentação haja uma maior a libertação e concentração de moléculas antioxidantes, que poderão ser benéficas na atenuação da inflamação cutânea ou prevenção do fotoenvelhecimento.
- Formação de moléculas ácidas
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O ácido lático é usado em produtos anti- envelhecimento e em peelings químicos |
Por último, o facto de a fermentação poder conduzir à produção de ácidos, como por exemplo o ácido lático, é apontada como uma grande vantagem face aos restantes cosméticos. Segundo os fabricantes, isto permitirá conseguir uma melhor conservação do produto, e como consequência uma necessidade deutilizar menores concentrações conservantes, (que já são utilizados em concentrações muito baixas), já que as bactérias se reproduzem menos em meios de pH baixo.
MAS... Acontece que grande parte dos cosméticos já possuem um pH relativamente mais ácido do que o da pele, e ingredientes como o ácido lático são utilizados há muitos anos na formulação de muitos cosméticos disponíveis no mercado.
Os ingredientes fermentados podem ser uma fonte interessante para a obtenção de novos compostos ou compostos já conhecidos com propriedades benéficas para a pele, uma vez que a combinação entre extratos de plantas e microorganismos fermentadores é quase ilimitada, e a biotecnologia já nos permite controlar e otimizar muito estes processos de forma a obter ingredientes concentrados e eficazes.

Por isso, e para já, a escolha destes produtos só se justifica quando se priveligia este tipo de ingrediente por algum motivo além da sua eficácia, que não está comprovada.
Seja porque gosta de investir neste tipo de tecnologia ou pretende experimentar e tem essa possibilidade.
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