Até há bem pouco tempo tinhamos apenas os hidratantes, os tónicos, os séruns, e um ou outro cuidado mais específico. E a julgar pelos comentários à publicação que fiz acerca da ordem de aplicação de produtoshá uns meses atrás, estes dois já geravam confusão quanto baste! 

Mas com o boom da cosmética coreana surgiram também uma série de produtos que sendo novidade, ou nem por isso, vieram aumentar ainda mais a complexidade nossas rotinas. Já para não falar do preço.
Partindo da premissa que todos eles devem ser aplicados depois da limpeza, eventualmente até de um tónico para quem o usa, e antes do hidratante, afinal de contas, o que é que os distingue? E será que temos mesmo que usá-los a todos?


Tónico

Como já escrevi noutra publicação, os tónicos surgiram para complementar a limpeza de pele, retirando os excessos de sabonete e restaurando a hidratação, e pH ácido da pele. Alguns tónicos ainda seguem esse propósito, mas hoje em dia podemos encontrar tónicos adstringentes (que ajudam a contrair os poros, reduzindo o seu tamanho), esfoliantes (químicos), hidratantes, etc.
Sendo líquidos estes produtos são aplicados imediatamente após a limpeza, com um disco de algodão.
Sérum

Também já dediquei uma publicação compelta a este produto. Mas em poucas palavras, uma vez que um sérum tem uma função de tratamento e não de retenção da hidratação na pele, são-lhe “retirados” todos os ingredientes que cumprem este último propósito.

Isto torna os séruns em produtos mais líquidos e mais concentrado em ingredientes ativos do que os fluídos e cremes hidratantes.

Essência

SK II
Provavelmente a essência mais
famosa do mundo
Geralmente também as essências são mais concentradas do que os hidratantes, mas tendem a ser menos concentradas em ingredientes ativos do que um sérum. Na maioria dos casos, são também mais aquosas. Quer isto dizer que são coisas completamente diferentes? Not so fast…  Na verdade, tanto as essências como os séruns são cuidados concentrados, com uma função de tratamento. Contudo, entre diferentes marcas e diferentes produtos poderemos encontrar essências mais viscosas do que alguns séruns, e vice versa. Assim sendo, eu diria que os produtos são de categorias próximas mas diferentes quando de facto temos uma essência completamente líquida, como se de um tónico se tratasse, e um claramente sérum mais viscoso. 

Quer sejam eles diferentes ou nem tanto, podemos sempre aplicá-los em simultâneo, sobretudo se cada um veicula diferentes ingredientes. Qual se aplica primeiro? A regra é sempre a mesma: o mais líquido, seguido do mais viscoso.

Manual de aplicação da SK II

Muitas vezes as essências são também confundidas com tónicos. E não é de admirar tendo em conta que ambos produtos são líquidos e que hoje em dia podemos encontrar tónicos com todos os tipos de funções. Como prova disso, vemos marcas coreanas a vender essências como “essence/toner”. Nos casos em que estes produtos não são iguais (ex: tónico finalizador de limpeza e essência preparadora), e são usados em simultâneo, primeiro aplica-se o tónico, usando um disco de algodão, e só depois a essência, diretamente da mão e com leves pancadas. Mas mais uma vez, também algumas marcas sugerem a aplicação de essências com um disco de algodão. Na dúvida, sigam o rótulo.

Booster
Clarins

Estes produtos têm como objetivo complementar e potenciar os benefícios de uma rotina de beleza, adicionando alguns ingredientes específicos que podem melhorar o estado da pele mas estão em falta nessa mesma rotina. Podem ser usados quando mais precisamos de determinado ingrediente, ou durante todo o ano. Diretamente no rosto, ou diluídos com o nosso sérum ou hidratante.

E em que é que diferem de um sérum, ou até de uma essência?

Em teoria, os séruns contêm geralmente uma mistura de ingredientes ativos, com diferentes mecanismos de ação, dirigidos para um problema específico. Já o booster contém apenas um ingrediente ativo, ou uma seleção de ingredientes muito restrita, e que aborda apenas uma faceta do problema. 

Na prática, imaginemos que um sérum anti-envelhecimento é composto por uma mistura de ingredientes que previne simultaneamente a perda de firmeza, o aparecimento das rugas, e o desenvolvimento de manchas. Depois, imaginemos um booster contendo 15% de vitamina C que é dirigido especificamente para as manchas. No entanto, não só é comum vermos e “boosters” que contêm uma grande variedade de ingredientes e “séruns” concentrados apenas em vitamina C (que são boosters sem o saberem), como é um facto que esta vitamina é capaz de atuar em todos os sinais da idade de que vos falei acima quando está presente em percentagens elevadas. Mais uma vez, a distinção nem sempre é clara, e vai variar muito dependendo dos produtos que compararmos. 

Então será que os boosters são produtos irrelevantes? Nada disso! Embora tenhamos séruns que fazem praticamente a mesma coisa, um verdadeiro booster pode ser a melhor forma de incorporarmos no nosso dia-a-dia aquele ingrediente que tanta falta nos faz, e em concentrações efetivas, sem ter que pagar também por uma série de extratos que pouco ou nada nos interessam.

Ampôla

Em poucas palavras, é o sérum dos séruns. 

As ampôlas tendem a ser mais concentradas do que a maioria dos séruns, e por isso estão dirigidas para situações muito específicas. Mas mais uma vez, há produtos e produtos. Por isso antes de investir é sempre bom dar uma vista de olhos pelos rótulos ou pelas listas INCI, quando as concentrações não são mencionadas.
No mercado podemos encontrar estes produtos em verdadeiras ampôlas, em frascos conta gotas pequeninos (como se de “mini séruns” se tratassem), ou até em frascos de conta-gotas de tamanho normal.
Mas afinal… Haverá diferenças?
´


Até aqui falei-vos de conceitos, mas apresentei-vos exemplos algo contraditórios. E então, em que é que ficamos?

Bem, se apenas tivermos em conta as funções dos ingredientes presentes em todas estas formulações, concluímos que todos eles são de facto produtos muito semelhantes. Mais líquidos ou mais viscosos, mais concentrados ou mais diluídos, com funções mais ou menos específicas, mas acima de tudo todos eles são produtos de tratamento.

Cada marca é livre de interpretar estes conceitos da maneira que bem entender, e a vontade de vender mais do que um produto é muita.

Agora, prrecisamos de todos eles na nossa vida? Muito provavelmente não.

Moral da história:
O melhor mesmo é encarar estes nomes como referências, e continuar a ler os rótulos antes de comprar o que quer que seja.

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Marta Ferreira, farmacêutica e fundadora da comunidade “a pele que habito